Pr. José Nogueira
Você já observou que quase todo mundo é metido a conhecer o Oriente Médio e de arranjar soluções para a região?
Meu mecânico, encanador, o porteiro, o taxista, gente que NUNCA leu nada sobre a história antiga ou recente daquela região, mas de repente, mesmo não sabendo cuidar nem de seu quintal, mas sabe como resolver toda a situação desta região explosiva apenas através de eliminar os “malvados” israelenses.
Sim, eliminando. Nenhum país do mundo sofre ameaça de ser totalmente eliminado. O Panamá não esta sob ameaça. Os EUA não estão. O Brasil não está. A Argentina não está. Nenhum país da Ásia, da África, da Europa ou das Ámericas é alvo explicito de grupos e de países que dizem que querem varrê-lo do mapa. Porém, Israel vive sob essa ameaça!
Até os intelectuais, engenheiros, médicos, advogados, gente que vejo serem mentes brilhantes, geniais, cultos, inteligentes e estudiosos, quando chegam ao assunto Israel, se tornam incrivelmente uns medíocres repetindo slogans, frases feitas, e a discussão vai para o ralo, com argumentações pífias, cheias de maniqueísmos e determinismos.
É difícil derrubar um preconceito. Como diria Albert Einstein: “É mais fácil romper um átomo do que um preconceito”.
Judeus por dois mil anos foram alvos de totalitarismos e racismos por serem a bandeira da liberdade. O Estado de Israel é alvo de todas as críticas do mundo por ser o símbolo desta bandeira em forma de nação. Ser o representante disto tudo, em termos atuais.
Vejam que os preconceitos não mudam: antigamente o judeu era dito por grupos cristãos como aquele que sequestrava e matava crianças cristãs para fazer matza. Hoje é aquele sedento do sangue de crianças palestinas. Antigamente o mito era que o judeu era dono de todas as finanças da Europa. Hoje, o judeu é aquele que domina Wall Street…. sacaram como funciona?
Meu companheiro de avião me vê lendo um livro sobre Israel e logo me pergunta: Judia? Eu digo: Não. Sou uma jornalista interessada no assunto. Ele faz aquela cara de “Achei uma companheira! Não judia e jornalista!?”
E começa a descer a lenha em Israel sem perdão. Eu vou suportando ate onde dá. Então uma hora começo a responder e minha única pergunta é: *E o que você tem a dizer sobre os tutsis? Uau, você é tão entendido em Oriente Médio e não tem nada a dizer sobre a nação Tutsi que sofre perseguição em Luanda onde sofrem um extermínio brutal? E sobre as sequestradas de Boko Haram? E sobre os degoladores do Isis, a entidade terrorista mais rica do planeta hoje em dia, que controla 60% do petróleo da Síria, seguida pelo Hamas?
Ah, vocês sabem que existem 600 multimilionários listados pela Forbes vivendo em Gaza? Que vivem de rendas de tráfico de armas, drogas, e de desvio principalmente de dinheiro de ajuda internacional enviada para Gaza? É, a população vive na miséria, mas porque seus dirigentes multimilionários querem. Somente por isso!
Quando alguém disser que Israel é o problema, tire Israel do mapa imediatamente. Esqueça. A função primordial de Israel é ser parte da SOLUÇÃO e nossa ÚNICA esperança. Vocês acham mesmo que se Israel cair, os degoladores do Isis, os fundamentalistas do Hamas, a república do Irã, que mata mulheres por preconceito de sexo, e que afirma que não existem homossexuais no país, porque já devem ter chacinados todos, vão parar por aí?
A argumentação de vocês em um debate tem que começar por aí: Israel é a solução. Quando alguém começar a falar sobre Israel, responda falando dos problemas do fundamentalismo islâmico e das esquerdas e das ditaduras que os apoiam. Se Israel cair, todos nós vamos cair. Vocês têm ideia do que será este mundo se Israel for derrotado? Quero pedir perdão a vocês, mas eu tenho que dizer: Eu não luto por vocês, eu não luto por Israel. Eu luto pelo mundo que quero viver e para um mundo melhor para meus filhos. Israel é hoje a frente de batalha do mundo civilizado. Se Israel cair, todos nós caímos. A Tsahal (IDF: As Forças de Defesa de Israel) não defende só Israel. Defende todo o mundo que quer viver e não ser eliminado.
Se eu não tenho medo? Lógico que tenho medo.
Já tive que andar uns tempos escoltada por policiais, já tive ameaças de morte e tive que tomar minhas providências, mas veja: eu fui criada numa família que lutou contra o fascismo na Espanha. Na minha mesa ensino meus filhos a lutar pela liberdade e pelo direito de viver. O fascismo de ontem é o extremismo Islâmico de hoje.
É difícil? É duro? Muito. Vocês me perguntam o que dá para fazer contra toda esta maré, os veículos de mídia nas mãos do petrodólares e morrendo de medo de desagradar os grupos fundamentalistas, até clubes de futebol tirando cruzes minúsculas de seus símbolos centenários para não perder dinheiro árabe, clubes, como o meu Barcelona, que tiram o patrocínio da Unicef em troca de um patrocínio sujo do Quatar, país com mãos sujas de venda de mulheres escravas, de utilização de mão de obra estrangeira em condições sub-humanas onde já morreram milhares nas construções dos estádios esportivos, no financiamento do Hamas e do terrorismo…
Mas tentem imaginar como era na época dos anos 30 antes do nazismo, ou na época da Inquisição na Espanha, das Cruzadas ou em outros períodos sombrios da humanidade. As pessoas também deveriam ver tudo à sua volta contaminado e também deveriam se perguntar o mesmo: O que fazer?
O que posso responder é que a humanidade se divide em três grupos:
Os que odeiam, os que são odiados e os que se calam.
Eu não vou ficar calada. E vocês?
(Texto adaptado da jornalista espanhola Pilar Rahola)